O banco de dados do mundo
começa com o arquivo da gênese
terra e água escorrendo
nas gavetas do Senhor.
Todo homem tem seu tempo
mas nem todos
espremem seu suco até o fim
e o que resta desses
é um arquivo morto
ou quase isso.
Os ônibus lotados
datam de mais de um século
mas as mulheres preferem
olhar os ônibus
e tudo o mais
de suas próprias janelas.
Mulheres estão sempre buscando alguma coisa
: maçãs, serpentes, vestidos
homens extraviados
ou filhos mortos
sorrindo em suas fotos
até que no jardim nasçam lápides novas
datadas de algum dia
que a humanidade não quer lembrar
a não ser talvez
em shows de rock e na ópera da temporada.
Enquanto a criação descobre
todo dia
a tecnologia sempre nova
ora mesclada à science fiction
e o cinema desdobrado na plateia
o mais está convertido
em pasto
até o fim dos tempos
no imenso casarão cheio de portas
onde habitam os que
até agora
conseguiram escapar
* Poema reeditado.