Tudo
estava tão triste na sala e na varanda
os
pássaros da rua tão calados
imaginava
por quê
sem ter
ideia do que estaria por vir
dali em
diante todas as tardes
à hora em
que não chegaria ninguém
como todas
as horas agora aconteciam
e as
distâncias pareciam maiores
salas de
espera mais desoladas que de costume
e as
pessoas impenetráveis e secas
passas
velhas
não importa
a idade que pudessem ter
ou que
razões carregassem nas mochilas.
Tudo
jazia
a vida
mecanizada
o
dia-a-dia monótono
por causa
do horizonte fechado
a poucos
metros de distância de seus olhos
e dos
relógios
que os
homens nunca deixam de fabricar
para
ninguém
sem
acontecimentos ou vozes
nem
olhares
que
abrissem outra visão
impossível
de iluminar
em uma
casa tão pragmática
e bem
equipada
para
viver espantando as lembranças
e satisfazendo
desejos sozinhos
que as
traziam de volta
sem calor
nem voz.
Lembranças
são partituras
escritas
para nenhum instrumento.