2012 não foi um ano amigável. Particularmente, em família, muita coisa de ruim aconteceu, que não cabe narrar aqui, mas foi triste e sofrido.
Perdemos gente querida - claro que isso pode acontecer a qualquer tempo - mas foram perdas que vamos lamentar para sempre.
Entre esses que se foram, Lêdo Ivo foi um dos que vai nos fazer falta, com sua poesia perfeita, que tanta gente adorava ler e reler.
É uma homenagem um tanto atrasada, mas acho que vale a pena.
Lêdo
Ivo
O
voo dos pássaros
Os
áridos pássaros que mudam as estações não vieram nunca,
embora
eu os esperasse.
Acaso
falam os homens do que viram?
Silenciosos
são os lábios dos homens.
Grito
ou palavra de amor não comovem as pedras empedernidas pelo tempo.
Eram
secos pássaros.
E o
céu, que é plumagem, crepita.
Nem
nos que voam nem nos que permanecem.
Não
me demorei sobre nenhum pássaro.
Voando,
eram a velha canção da infância morta para mim,
que
sempre vi o que não existe e eternamente verei o que jamais existirá.
Em
voo, como os anos, a vida, o tempo...
Nada
imaginei que pudesse ser admitido
pelos
que não entendem uma teoria de pássaros.