quarta-feira, dezembro 26, 2012

Lêdo Ivo

2012 não foi um ano amigável. Particularmente, em família, muita coisa de ruim aconteceu, que não cabe narrar aqui, mas foi triste e sofrido.
Perdemos gente querida - claro que isso pode acontecer a qualquer tempo - mas foram perdas que vamos lamentar para sempre.
Entre esses que se foram, Lêdo Ivo foi um dos que vai nos fazer falta, com sua poesia perfeita, que tanta gente adorava ler e reler.

É uma homenagem um tanto atrasada, mas acho que vale a pena.



Lêdo Ivo

O voo dos pássaros


Os áridos pássaros que mudam as estações não vieram nunca,
 embora eu os esperasse.
Acaso falam os homens do que viram?
Silenciosos são os lábios dos homens.
Grito ou palavra de amor não comovem as pedras empedernidas pelo tempo.
Eram secos pássaros.
E o céu, que é plumagem, crepita.
Nem nos que voam nem nos que permanecem.
Não me demorei sobre nenhum pássaro.
Voando, eram a velha canção da infância morta para mim,
 que sempre vi o que não existe e eternamente verei o que jamais existirá.
Em voo, como os anos, a vida, o tempo...
Nada imaginei que pudesse ser admitido
pelos que não entendem uma teoria de pássaros.

3 comentários:

Unknown disse...

tantas perdas neste 2012, a poesia em suspensão


beijo

João A. Quadrado disse...


Como que uma luz brilhante, palavra a contraluz esse poema dum poeta que nunca tive oportunidade de ler...

e se por certo haverei de ler, a si e a agora agradeço, Amiga Dade

Um imenso abraço!

Leonardo B.

Ivan disse...

Ele era maravilhoso, é o mínimo que posso dizer.
Beijos do Ivan.