Versões de antigas manias
variam conforme o tempo
nas mudanças de estação.
Ilusões novas vêm na primavera
em pencas de perfume imaginário
festa de aniversários coloridos.
Termos escuros escolhem o tempo frio
seus fantasmas
depois de o outono
ter esgarçado os tecidos em mil ventos
restos de lua entre as nuvens picotadas
e uma ilusão mais densa faz ouvir
o eco sufocado de tambores
que vêm de algum lugar
mas não sei qual.
Uma excursão a terras escaldantes
emana desses rios quase secos
dissolve as cores
e tudo que aprendi das flores
o coração desfeito pelas praias.
Sereias
como se o mar antigo
ainda ofegante
voltasse despejando sobre a areia
a sensação escaldante
de que o perfil mais desejado não vem nunca
retido pela distância de outros mares.
Verão é a estação do que se nega
a que acelera a perda
e desengana todas as esperas.
Entre estações
não resta qualquer sinal da glória antiga.
Uma versão de branco
veste calada seu caminho neutro
desdobrado
de rumo em rumo
à espera do que pode ser o dia
de usar perfume de rosa
e lancinante
despenhar pelo abismo de outra noite.