servem as palavras.
Palavras fazem climas
cataclismos
espinhos de ironia
mas vadias
não obedecem a ninguém
e cada um as lê como prefira.
Grandiloqüentes bregas argentinas
francesas entendidas sedutoras
entretecidas de wit da Britânia,
outras mediterrâneas
de outras terras
polissemias do Leste em ideogramas.
Palavras são como águas
percorrendo
o mais fundo do fundo
longe longe
ao mais fecundo âmago do nada.
Juntas constroem pontes
monumentos
e são tijolo e cimento
pinturas coleções e arquiteturas
matéria e primas obras
de toda literatura e toda rima.
Sucede às vezes que palavras secas
se espalhem pelo chão
e quem as pise
ouça estalar vazios que elas dizem.
(Aquelas que o vento leva
o mar recolhe
para escrever a música das conchas.)
Nos vãos que os versos deixam entrever
brotam metapalavras toscas fugidias
consolo e ilusão de almas sozinhas
– das almas sonhadoras
tristes tíbias
que em lugar de viver
fazem poemas.
2 comentários:
...mas ler poemas também é viver!
Beijo pra você, Adelaide!
Gostei muito deste poema! Encontrei este blog pesquisando o termo "metapalavra" assim, despreocupadamente, e topo com esta bela surpresa. Vou segui-lo e compartilha-lo através do meu blog.
Abraço!
Quando puder, visite Randomatizes!
Pedro LDC Viegas
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