nas folhas da amendoeira
canta
na franja dos telhados
a madrugada líquida que chega.
É tanto o que independe
de nós
aos olhos mais atentos
– as luzes que vacilam
e nada saberemos dos bichos escondidos
no escuro mais escuro –
nada
de tudo que subsiste
sem que os sentidos registrem.
De todos os sinais
sobram frações
segundos, séculos
girando em outra esfera.
Se a pele é fiel ao tempo
o vento embala
ou destrói
e a chuva é mais que suas nuvens.
Olhando pela vidraça a sedução do tempo
quem sabe o mundo que iremos encontrar
depois do sono.
Ainda assim o momento é mais forte
e o esquecimento nos salva.
11 comentários:
Lindo. E o final é belíssimo!
Beijo, Dade querida!
muito belo, belo demais
beijo
Sim quase sempre o esquecimento nos salva.
Beijos do Ivan.
Sempre que venho aqui, algo de novo me invade e fico mais contente.
Beijo, Dade.
[o peso da chuva,
varia com o peso de nós,
dos nós que o corpo dá pelo caminhos e dobras do esquecimento.]
um imenso abraço, Amiga Dade
Leonardo B.
Realidades obtusas e paralelas, não? A chuva se molda conforme a passagem, momentos de sonho seriam capazes de mascarar uma verdade, ainda que em poesia sim. Eu gostei muito, parabéns! Abraços
Um poema tão belo, marcante! Fico só a contemplar; o tempo passa definindo momentos nessas horas...
Beijo.
sempre Dade, ai se não fosse por ele! Belíssimo poema!
um beijo
Ainda vibra em mim cada palavra que li...
"...é tanto que independe de nós..."
Sigo junto pra não perder mais nada.
Beijo.
Pra ser relido. Sem dúvidas.
depois do sono que a gente encontre o sonho andando sobre dois pés :)
beijoss
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