quarta-feira, agosto 08, 2012

Momento



A chuva se recria
nas folhas da amendoeira
canta
na franja dos telhados
a madrugada líquida que chega.

É tanto o que independe
de nós
aos olhos mais atentos
– as luzes que vacilam
e nada saberemos dos bichos escondidos
no escuro mais escuro –
nada
de tudo que subsiste
sem que os sentidos registrem.

De todos os sinais
sobram frações
segundos, séculos
girando em outra esfera.

Se a pele é fiel ao tempo
o vento embala
ou destrói
e a chuva é mais que suas nuvens.

Olhando pela vidraça a sedução do tempo
quem sabe o mundo que iremos encontrar
depois do sono.
Ainda assim o momento é mais forte
e o esquecimento nos salva.

11 comentários:

Daniela Delias disse...

Lindo. E o final é belíssimo!

Beijo, Dade querida!

Unknown disse...

muito belo, belo demais


beijo

Ivan disse...

Sim quase sempre o esquecimento nos salva.

Beijos do Ivan.

césar disse...

Sempre que venho aqui, algo de novo me invade e fico mais contente.
Beijo, Dade.

João A. Quadrado disse...

[o peso da chuva,

varia com o peso de nós,
dos nós que o corpo dá pelo caminhos e dobras do esquecimento.]

um imenso abraço, Amiga Dade

Leonardo B.

Anônimo disse...

Realidades obtusas e paralelas, não? A chuva se molda conforme a passagem, momentos de sonho seriam capazes de mascarar uma verdade, ainda que em poesia sim. Eu gostei muito, parabéns! Abraços

Anônimo disse...

Um poema tão belo, marcante! Fico só a contemplar; o tempo passa definindo momentos nessas horas...

Beijo.

Luiza Maciel Nogueira disse...

sempre Dade, ai se não fosse por ele! Belíssimo poema!

um beijo

Unknown disse...

Ainda vibra em mim cada palavra que li...
"...é tanto que independe de nós..."
Sigo junto pra não perder mais nada.
Beijo.

Fred Caju disse...

Pra ser relido. Sem dúvidas.

Bípede Falante disse...

depois do sono que a gente encontre o sonho andando sobre dois pés :)
beijoss