No fim de um dia de trabalho
a noite consumada
ele vem me falar.
Desde cedo
o dia estava propício a estranhar
quase tudo que se explica pela lógica.
Espantava ser aceito
e respeitável entre os iguais
– espanto familiar
tão natural como beber água
ou ir à janela olhar a rua.
O estranhamento se aplaca
como se um amigo antigo
dissesse sou eu
do outro lado da porta.
Custei a entender
e agora sei
– isso acontece
para ampliar espaços
onde o corpo com sua alma pendurada
podem voltar a ser a dupla que já foram.
Mostra que a vida
não pode ser o que se pensa
mas tem vertentes ousadas
que o outro talvez saiba explicar
ou simplesmente vive.
O outro me abraça e segue
de um jeito calmo e surpreendente.
e vai mais longe que eu.
Aceito a mão que me dá
e vendo tudo tão claro
chego a pensar que morri
atrelada a essa imagem
de outro registro.
8 comentários:
Tão delicado! É difícil passar esse tipo de experiência, como se alheia à nós.
"onde o corpo com sua alma pendurada
podem voltar a ser a dupla que já foram"
MARAVILHOSO!
Beijos
Mirze
o outro, o outro, e os estranhamentos entre iguais,
beijo
Talvez vc tenha razão... talvez isso aconteça para ampliar espaços. Tomara. Resgatar minha própria alma é uma das minhas prioridades.
Como sempre, seu texto encanta minha inteligência e se crava nos meus sentimentos.
Beijo.
Como a Cecília, você também é o máximo, transborda o coração!
Beijo carinhoso.
Essas vertentes ousadas...ah, elas, se não fosse elas...
Beijos,
Me fez sentir tanto...
Belo, Dade
Bjos!
Mexeu comigo, muito!
Beijos do Ivan
Tocante e belo.
Beijo, amiga Dade!
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