A chuva se recria
nas folhas da amendoeira
e a noite canta
na franja dos telhados
a madrugada líquida que chega.
É tanto o que independe
de nós
aos olhos mais atentos
– as luzes vacilantes nos suprimem
e nada saberemos dos bichos escondidos
do escuro mais escuro –
nada
de tudo que subsiste
sem que os sentidos registrem.
De todos os sinais
sobram frações
segundos, séculos
girando em outra esfera.
Se a pele é fiel ao tempo
o vento embala
ou destrói
e a chuva é mais que suas nuvens.
Olhando pela vidraça a sedução do tempo
quem sabe o mundo que iremos encontrar
depois do sono.
Ainda assim o momento é mais forte
e o esquecimento nos salva.
7 comentários:
salva sempre ou quase sempre
beijos
Que "momento" sublime, Dade. Além da chuva, escorre nessa madrugada uma poesia líquida dos seus dedos.
Abração,
https://www.youtube.com/watch?v=Ibp5KD3RL6E
o esquecimento é salvação da memória
beijo
[momento de olhar mundo,
aguardando-o, enquanto ritmo e invento
do tempo, momento do mundo.]
um imenso abraço, Amiga Dade
Lb
Magnífico, Dade!
Beijos do Ivan
Ainda bem que o esquecimento nos salva, e assim não ficamos loucos de tanto pensar. Meu beijo.
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