Fiquei tão gauche na vida
que pela esquerda posição em que me
encontro
nem faço parte da esquerda.
O anjo torto voltou o rosto
resplendente
e disse apenas:
“Assim não é possível.”
Desviou os olhos,
retirou o amparo
e nem conselhos deu.
O anjo torto se foi
traumatizado
e depressa me esqueceu.
Acredito que tudo isso
seja só falta de um estilo próprio.
Afinal,
ninguém pode amar alguém
que não seja um outdoor de si mesmo
não saiba cantar
e nem ao menos tire fotografias
maravilhosas.
Ninguém
em sã consciência
entende
tanta resignação ante o real
tamanha falta de raça.
Qual é a graça de não ter
respostas à altura
e de viver entre livros e teclados
e nem ao menos se inscrever num chat
– melhor maneira de procurar a sua
turma.
Além de tudo os anjos
voltaram à moda
e agora vivem diante de espelhos
comprados secretamente na Avon
descobrindo os prazeres da própria
imagem
insipientes narcisistas
intolerantes para com mortais
que lhes pareçam angélicos demais.
8 comentários:
nem ao céu, nem ao mar
nem tanto, nem tão pouco
mas com estilo, sim
beijo
Poema perfeito, construído com as palavras mais exatas, Dade! Afinal, qual a graça disso tudo, amiga?Onde está a raça?
De nada nos vale a tentativa de tecer a lenda...Tudo é vão. Esgarça.
Caramba, o que não falta é estilo! E bossa!
Beijos e flores.
Sensacional, Dade!
Beijos do Ivan
Um poema dos deuses!
Beijo, Dade*
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. E todo o mundo é feito de mudança... Por isso, os anjos não poderiam escapar à regra...
Dade, minha amiga querida, tem um bom resto de semana.
Beijo.
Muito bom, esse poema!
Beijo
Nossa, que estilo deslumbrante. Este poema é uma permanência clara, transparente. Perfeito, Dade!
Beijos,
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