terça-feira, fevereiro 11, 2014

Congonhas



 

Seria uma cidade igual às outras,
diamante bruto ao fundo da montanha-mina,
não fosse pelo bailado dos profetas
os movimentos leves de pedra-sabão
as dobras panejadas de seus mantos
e as faces impenetráveis
angulosas.
Esses profetas
cobrem a terra de harmonia lúdica
em cantos inaudíveis.
Tornam em ouro o pó
e o azul do céu em prata clara.
Decidem os destinos da cidade
secretamente
no espaço-tempo dos fatos.
E ao lado da aparente sisudez
praticam um misticismo fetichista,
ritualista e irreverente
que à noite anima os personagens pios
dos passos da via-sacra
para os fazer pecar.
São sábios a seu modo,
unânimes como os sete anões de Branca de Neve
e, íntimos do Pai,
riem dos homens e dos anjos,
enquanto lançam sobre os visitantes
o olhar vazio das estátuas.

7 comentários:

Ira Buscacio disse...

Uau!!!!! estou ainda tonta com os burburinhos dos poetas de lá.

que poema!

bj, minha queridona

Ira Buscacio disse...

Uau!!!!! estou ainda tonta com os burburinhos dos poetas de lá.

que poema!

bj, minha queridona

José Carlos Sant Anna disse...

Que belo olhar sobre Congonhas, Dade!
Maravilha de poema!
Beijo,

Graça Pires disse...

"Esses profetas
cobrem a terra de harmonia lúdica
em cantos inaudíveis.
Tornam em ouro o pó
e o azul do céu em prata clara.
Decidem os destinos da cidade
secretamente"
Como precisávamos de os ter por cá...
Um beijo.

Nilson Barcelli disse...

Um poema profundo.
Para ler e reler sem respirar.
Excelente, gostei imenso.
Dade, minha querida amiga, tem um bom fim de semana.
Beijo.

Teté M. Jorge disse...

Profundamente lindo!!!


Beijo.

Jota Effe Esse disse...

Muito boa essa crônica sobre a magnifica obra deixada pelo Aleijadinho em Congonhas. Esse conjunto impressiona a qualquer visitante. Meu beijo.