Lembra o vestido de linho que eu usava?
Naquele dia
estávamos sozinhos na varanda
e a última luz da tarde estremeceu:
era um transe do tato
um dom do estio
o cio no tapete
e logo a noite.
Lembra a manhã daquele outono frio
no carro leito do trem para o impossível?
Os bailes de fim de ano,
as praias
noites de festa e
as férias
na piazza de San Marco?
Lembra,
lembra de tudo que essas fotos dizem
:
elas nos mostram agora o que ainda somos.
Lembra de tudo aquilo
em tantos dias (quantos?)
as falas sussurradas que diziam
frases da pele
a ressumar delícias
vivas ao toque
– a nossa pele
que nunca nos falhou suas promessas.
Lembrar é como a flor da tarde
reabrindo
e na varanda
a mesma flor dançando e outra vez
ao vento
nosso desejo insone e insolente
inominado
imenso
e resistente
que se alimenta
de todas as rotinas.
7 comentários:
Lindo poema. De ler, reler e ir relendo.
Lembrar assim, é mesmo flor da tarde dançando ao vento...
L i n d í s s i m o, Adelaide.
Um beijo
Adade,
Gostei imensamente e tenho vontade de publicar esse poema teu...
Mas como achar uma imagem tão boa como essa...
Bem, vou encontrar...
Beijos,
Carol
Oi, Adelaide,
Que lindo. De emocionar. Tenhos lembranças assim, de todas as rotinas. Amei esse poema.
Beijão
Nossa! Então é mesmo verdade, recordar é viver (rs).
Brincadeiras à parte, o "nossa!" foi para o poema, que é muito lindo.
Beijos,
Nessa
Muito lindo teu poema, Adelaide.Abraços alados azuis.
Adade,
Hoje eu finalmente procurei uma imagem para republicar esse poema e gostei muito de levá-lo para a Casa de Leitura.
Ainda estou lembrando do nosso cinema de ontem, que foi muito bom mesmo!!
Hoje de manhã falei com Nanda do IP e tem Festa de Aniversário na Caverna, passa lá!
Beijos e bom domingo!
Carol
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