quarta-feira, junho 20, 2012

Divinação



A matemática rendada do poema
pousa questões sem resposta
até onde a vista alcança.

Uma razão lançada sobre ele
é uma rede vazia imaginária
de pressupostos ininteligíveis.

A malha que tentou conter o poema
plena desfaz-se em fibras
e entrega sua estrutura ao mar aberto.

A santidade que o envolveu
errante e transgressora
fura de irrestrições o seu tecido.

Porque o poema é trêmulo e transpira
cabe talvez num sonho dissoluto
mora no instante mesmo em que se esconde.

7 comentários:

João A. Quadrado disse...

[como a malha aberta, delicadamente palavra,

a renda que se une poema.]

um imenso abraço, Amiga Dade

Leonardo B.

Unknown disse...

BELO, DADE!

A lógica da matemática cabe muito pouco na sensibilidade de um poema.

Vivi os dois.

Beijos, amiga

Mirze

Unknown disse...

é o poema o que se divisa em sílabas divididas,



beijo

Ivan disse...

Um modo delicado e quase terno de definir o poema. Lindo, Dade.

Beijos do Ivan.

Daniela Delias disse...

Tudo tão lindo quanto um mar aberto, e ainda assim tua poesia é exata, é exata para mim!

Quantas coisas lindas tens deixado aqui.

Bjo!

Márcia disse...

Ese é um poema diferente dos que você costuma postar. É lindíssimo, gosto muito dele, que parece dar sua ideia sobre poesia.
Beijos muitos.

Jorge Pimenta disse...

só na poesia podemos o que na vida não sabemos. as operações? somente as que qualquer menino de 4º ano aprendeu na avidez da descoberta: multiplicar para saber dividir; somar porque chegará o tempo de subtrair.

beijinho!

p.s. a raiz quadrada faz-se desnecessária na aritmética da vida.