O banco de dados do mundo
começa com o arquivo da gênese
escorrendo por entre os dedos do Senhor.
Todo homem tem seu tempo
mas nem todos espremem seu suco até o fim
e o que resta é um arquivo morto
ou quase isso.
Os ônibus lotados datam de mais de um século
mas só nos novecentos
os homens começaram a pendurar-se nas janelas
(e as mulheres só no carnaval).
As mulheres preferem olhar os ônibus de outras janelas
e estão sempre buscando alguma coisa
: maçãs, serpentes, vestidos, homens extraviados
os filhos mortos serenamente vivos em suas fotos
até que no jardim nasçam lápides novas
datadas de algum dia sem memória
que a humanidade não quer lembrar
em shows de rock e a ópera da temporada.
Enquanto a criação descobre as alegrias
da science fiction e do cinema desdobrado na platéia
o mais é pasto até o fim dos tempos
em cada porta do imenso casarão
onde habitam os que até agora conseguiram escapar.
6 comentários:
poema de longo alcance, com cheiro da vida dos magazines,
beijo
Te ler tem sido essencial. Gosto quando me sinto fecundada por palavras que não minhas e nunca serão. Mas que tomo emprestadas quando leio.
Beijos,
Hummm... Adorei chegar aqui.
"Todo homem tem seu tempo mas nem todos espremem seu suco até o fim"
Uma reflexão necessária diria urgente!!
Muito verdadeiros, o poema e o banco de dados.
Beijo
Beleza e um mergulho em realidades que nem sempre atinamos.
Beijos!
Lindo poema, enriquecedor!
Beijos do Ivan.
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