Há muito não acontecia,
não é a insônia que conheço
é só o apelo da noite que me chama
ao contato frio da esquadria
entre o aconchego do quarto
e a doçura dessa escuridão
entre o terno e o imponderável.
O universo inicia sua música inaudível
diante dos muitos olhos lá do alto.
Há muito não precisava desses olhos
sua luz fosca
sobre a ironia dos grilos orquestrados
no jardim.
O céu não é azul.
O dia teve seus gumes
e há esses momentos.
quando nada se move
nada parece ter vida
além do allegro
da água
do outro lado da rua.
Hoje choveu e há cupins sob as lâmpadas
onde a escuridão se dissolve
intercalada ao mundo equivocado,
furando a treva sem freio
na expectativa dos instantes
pairando sobre os túmulos dispersos pelo mar.
São muitas as moradas deste mundo
e variadas as vozes que a manhã
vai acender daqui a pouco.
Enquanto a escuridão se move
mergulho em tudo que existe
mas não vejo,
ouço canções inaudíveis
na tentativa de entender
por que aqui é setembro
e tantas coisas pequenas
nos ocupam.
11 comentários:
Intensas moradas!!
"Ainda é setembro..." Voei nestes versos!!!
Um poema tão lindo, nem sei como classificar isso. Mas uma delícia de ler...
Beijos do Ivan.
Sua poesia é intensa e rica, Dade!
Beijos!
São versos de voar - intensos e belos como você sabe fazer!
Beijos.
Bem, intenso, Dade. Gostei mesmo.
Belo poema, Dade, desses que narram a deserção dos dias.
Beijo.
Grilos orquestrados no jardim. Que imagem fantástica, linda...
Bjo, poetinha que adoro.
Completo... repleto... intenso!!!!
Feliz semana.
Beijo e uma flor, com carinho.
Muuito bom, PARABÉNS!
Nessas pequenas coisas feitas de imensidão, dormimos e acordamos em um dolorido despertar nem sempre perceptível mas muito muito eficaz.
beijoss :)
Dade, teus poemas são maravilhosos; mas este me pegou fortemente; me disse tanto; lembrou-me a minha face no espelho da noite, meu aconchego no útero da escuridão.
Belo!
Beijos,
Postar um comentário