Se a manhã fosse o começo
não de uma segunda-feira
mas dia desnumerado
manhã das horas queridas
de examinar com calma cada luz
cada modalidade da luz
do sol e as cores
depois
não de uma segunda-feira
mas dia desnumerado
manhã das horas queridas
de examinar com calma cada luz
cada modalidade da luz
do sol e as cores
depois
olhar sem pressa a chuva
a calha da varanda
e na sede das poças
a dança refletida
a calha da varanda
e na sede das poças
a dança refletida
dos supérfluos
que tornam o mundo
tão delicioso.
Se os pássaros voltassem
sem antes nem depois
quem sabe a noite
viajaria do fundo de sua música
até perder-se em luas de silêncio
e dobraduras de asas
aos olhos de janelas desatadas
– música da distância –
e a luz perdida entre os muros
aparecesse em visões
que o cansaço apaga
e só conseguem
furar fugazes
furar fugazes
os sonhos.
9 comentários:
Seus poemas são irresistíveis, Dade.
Beijo.
puxa, Dade, que bonito!
ciência in verso
beijo
De pleno acordo com o Aloísio, Dade: poemas que você escreve são irresistíveis!
Beijos nossos.
O lirismo da sua poesia é uma nódoa que fica entranhada na gente, não há sabão que tire. Belíssimo o poema.
beijo, Dade!
Que peso ficou o "furar fugazes/ os sonhos", fossem "sonhos fugazes" a história seria outra. Enfim, a porta continua aberta. Muito bom que assim esteja.
bicho, esse poema me arrancou o couro, que lirismo é esse Dade, um rodopio com os pés sem chão, uma beleza rara.
quero essa manhã, todos os dias!
Bj grande, minha queridaça
De uma beleza fenomenal!
Beijos.
Pode crer, Dade. Beijo!
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