terça-feira, agosto 27, 2013

Visitante






No fim de um dia de trabalho
a noite consumada
ele vem me falar.
Desde cedo
o dia estava propício a estranhar
quase tudo que se explica pela lógica.
Espantava ser aceito
e respeitável entre os iguais
– espanto familiar
tão natural como beber água
ou ir à janela olhar a rua.

O estranhamento se aplaca
como se um amigo antigo
dissesse sou eu
do outro lado da porta.

Custei a entender
e agora sei
– isso acontece
para ampliar espaços
onde o corpo com sua alma pendurada
podem voltar a ser a dupla que já foram.
Mostra que a vida
não pode ser o que se pensa
mas tem vertentes ousadas
que o outro talvez saiba explicar
ou simplesmente vive.

O outro me abraça e segue
de um jeito calmo e surpreendente.
e vai mais longe que eu.
Aceito a mão que me dá
e vendo tudo tão claro
chego a pensar que morri
atrelada a essa imagem
de outro registro.

8 comentários:

Unknown disse...

às vezes tudo acontece como num passado que não houve e nos ouve



beijo

Anônimo disse...

Temos de estar atentos...
Um beijo, Dade!

Aloísio disse...

Quantas coisas nos assustam nesta vida!

Beijo grande.

na vinha do verso disse...


o que muito se explicita
motiva
explica nossas estranhezas

belo poema
bjão

Luana disse...

Lindo esse poema, Dade!
Pode ser ameaçador, mas é lindo.

bjs

José Carlos Sant Anna disse...

A tua linguagem seduz de tal maneira
com o lirismo se derramando os sustos e os estranhamentos ficam sempre para depois.
Abração, amiga,

Rafaele Domingues disse...

Lindo poema. Tenha uma boa noite.
Abraços Rafaéle

Lídia Borges disse...


Corpo e alma, a inteireza do ser.


Um beijo