No fim de um dia de trabalho
a noite consumada
ele vem me falar.
Desde cedo
o dia estava propício a estranhar
quase tudo que se explica pela lógica.
Espantava ser aceito
e respeitável entre os iguais
– espanto familiar
tão natural como beber água
ou ir à janela olhar a rua.
O estranhamento se aplaca
como se um amigo antigo
dissesse sou eu
do outro lado da porta.
Custei a entender
e agora sei
– isso acontece
para ampliar espaços
onde o corpo com sua alma pendurada
podem voltar a ser a dupla que já foram.
Mostra que a vida
não pode ser o que se pensa
mas tem vertentes ousadas
que o outro talvez saiba explicar
ou simplesmente vive.
O outro me abraça e segue
de um jeito calmo e surpreendente.
e vai mais longe que eu.
Aceito a mão que me dá
e vendo tudo tão claro
chego a pensar que morri
atrelada a essa imagem
de outro registro.
8 comentários:
às vezes tudo acontece como num passado que não houve e nos ouve
beijo
Temos de estar atentos...
Um beijo, Dade!
Quantas coisas nos assustam nesta vida!
Beijo grande.
o que muito se explicita
motiva
explica nossas estranhezas
belo poema
bjão
Lindo esse poema, Dade!
Pode ser ameaçador, mas é lindo.
bjs
A tua linguagem seduz de tal maneira
com o lirismo se derramando os sustos e os estranhamentos ficam sempre para depois.
Abração, amiga,
Lindo poema. Tenha uma boa noite.
Abraços Rafaéle
Corpo e alma, a inteireza do ser.
Um beijo
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