Lá fora chove
e nada do que digo
é o que queria dizer.
Estou imóvel
e tenho a pressa
e nada do que digo
é o que queria dizer.
Estou imóvel
e tenho a pressa
de uma presa ante o felino
eternamente preparando
o bote sem desejo
e a agonia poreja das paredes.
Asas coladas
voltamos ao casulo
seres viscosos
eternamente preparando
o bote sem desejo
e a agonia poreja das paredes.
Asas coladas
voltamos ao casulo
seres viscosos
unidos no tormento
de um momento que não volta.
Além dessas janelas
a vida comemora seus enigmas
quatro estações e luas
e o vento vibra
por ruas e praças.
Em nosso espaço
somos peso de carne no açougue
sem mais surpresas
repete-se o que não houve
e nos reflete
em duas dimensões
– silêncio e chuva
de um momento que não volta.
Além dessas janelas
a vida comemora seus enigmas
quatro estações e luas
e o vento vibra
por ruas e praças.
Em nosso espaço
somos peso de carne no açougue
sem mais surpresas
repete-se o que não houve
e nos reflete
em duas dimensões
– silêncio e chuva
quase violetas
de caule já desfeito.
de caule já desfeito.
11 comentários:
Com uma força, o poema diz bem desses seres frágeis que somos.
Belíssimo, Dade!
Beijo.
Caules, e casulos são flexões internas para espaços externos. Linda poesia, parabéns. Abs
Quem retorna ao casulo
Tem consigo a vontade
de mudar a sí, para
mudar o mundo.
Ingressando de tal forma
Onde suas asas,
Asas de Borboleta
Festejem o dia, a noite
Quem sabe até, a vida inteira.
Que poema tocante, Dade!
É a vida em sua forma do dia-a-dia, o amor que se vai...
Beijo.
Belíssimo poema, Dade.
Beijos do Ivan.
"a vida comemora seus enigmas", e eu me estranho com tanta beleza,
beijo
A fragilidade da vida é também a sua enorme força... e beleza!
Beijinhos,
A tristeza muitas vezes é um reforço à beleza de um poema.
Beijossss.
A palavra "violeta" é linda. A flor é delicada, linda também. E teu poema de uma beleza...
Bjão, Dade!
Tão lindo e profundo, Dade!
"nada do que digo, é o que queria dizer"
Tem tudo assim tão ímpat e comum ao ser humano.
Beijos
Mirze
pétala sobre pétala... como todas as coisas frágeis.
coincidência: andei a escrever sobre flores e gente, também :)
beijinho!
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