sexta-feira, junho 27, 2008

Banco de dados





O banco de dados do mundo
começa com o arquivo da gênese
escorrendo entre os dedos do Senhor.

Todo homem tem seu tempo
mas nem todos espremem seu suco
até o fim
– resta sempre um arquivo morto
ou quase.

Os ônibus têm mais de um século
mas só nos novecentos
os homens começaram a pendurar-se nas janelas
(e as mulheres só no carnaval).

Mulheres preferem olhar de outras janelas
e estão sempre buscando alguma coisa
: maçãs, serpentes, vestidos, homens extraviados
pais e filhos mortos
serenamente vivos em suas fotos
até que nasçam lápides novas
datadas de algum dia.

Enquanto se descobrem as alegrias
da tecnologia nossa
de cada dia
o pasto cresce nas portas
do imenso casarão
onde habitam os que até agora
conseguiram escapar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Querida Adelaide,
Endereço novo? Mas o texto com a mesma qualidade, ótimo de ler!
Obrigada pela visita e pelo comentário. Que tudo esteja bem com você.
MUITOS ABRAÇOS,
Ilmara.

Carol Timm disse...

Adade,

E pelo pouco que já ouso dizer que conheço de ti, sei que nós estamos escapando e ousando olhar o céu, e contemplar o mar...

Os ônibus lotados podem até nos conduzir, mas não embotam nossos sonhos...

Beijos,
Carol