segunda-feira, dezembro 23, 2013

Imago




Debaixo de tuas asas
não tramo nem comungo
: sou teu fungo
sem sombra e sem medula

A imagem que te mostro é ilusória

Eu falo e
calo pela tua boca

sugo teus sonhos
(que para isso servem meus cabelos)
extraio deles o sumo
que te mata a fome
e te sacio

terça-feira, dezembro 17, 2013

Cada visão



Cada visão deleitável te pertence
cada canção que alça meu corpo
é tua
numa queda de voo.
Nada te atenua
a tua pele se aguça a cada gesto
e eu te respiro e sou
uma verdade de glândula
em teu senso.

sexta-feira, dezembro 13, 2013

Ele



As agulhas dos morcegos 
costuram a noite à terra 
(é preciso dormir 
sem espinhos nas mãos). 

Ele navega solto 
pelo navio do quarto 
tempo ancorado no porão 
da madrugada. 

Raízes e memórias 
dormem junto 
em camas separadas. 

Toda manhã 
a estrada troca seus lençóis 
sujos de sombra.

domingo, dezembro 08, 2013

De amor



Falem de um amor recente
ou dos de outrora,
antigos que foram novos
:
qualquer poema de amor
é sempre agora.

quarta-feira, dezembro 04, 2013

A Terra

Se a terra acabar
podemos dizer
amém
e estaremos nos céus.
Se ela voar
voaremos junto
- talvez não nos céus
mas pelos ares.

Por que invento tais histórias
se tudo ainda demora
tantos anos
- ou não?