sábado, agosto 09, 2014

sexta-feira, agosto 08, 2014

Cósmico

Sempre soube
do bairro silencioso onde nasceu
das rachaduras em cada calçada
e ainda assim
imaginava a hipótese improvável
de uma surpresa naquela paisagem,

Talvez até desejasse uma  mudança
que a integridade pede para ser quebrada
e entanto lhe ocorria saída para o tédio
nos dias tão iguais desses lugares

No bairro silencioso
ele esquecia
: em torno do silêncio
zumbe o mundo
e uma propagaçao de esferas
consteladas.

terça-feira, agosto 05, 2014

Entrefrases

Costurado entre as vozes
o silêncio
tenta passar despercebido.

sexta-feira, julho 25, 2014

Geometrias

Os objetos
são o que são
mas não sabem.

São bem conretos
no entanto
o vento passeia ameno
e anima os ângulos frágeis
dos papéis em minha mesa.

A sombra discreta vela
no meus sins
todas as cinzeiro de vidro
todas as constelaçoes.

Vem de tamanhas distâcias
imunes a nossas fomes
sede, paixões ou temores.

Os objetos passam pelo dia
ao tempo de nosso olhar
mas não se explicam,

quarta-feira, julho 16, 2014

Sem razão

A alma é música que às vezes entorta e deixa cair o ritmo  janela abaixo
é lago no escuro trêmulo do quarto à procura de luzes e luz sempre em busca.

Alma é deserto pleno e fala dos oásis que não viu
alma é brinquedo quebrado e ainda assim
amado pela criança que imagina seu brinquedo todo inteiro
por um milagre que só mesmo as crianças acreditam.

Milagre é brincar de ser grande
e misturar a alma na longa espera
das pessoas grandes.

sexta-feira, julho 11, 2014

Meditação

Além das savanas que não coheco
existiráo talvez casas de taipa
iguais às do interior do meu pais.

Aonde devo ir
para encontrar as flores inimagináveis
que me restuirão alguma crença?

quarta-feira, julho 02, 2014

Ruínas

A luz que ruína da lua
racha colunas de gelo
desde o ártico
ate os pilotis de nosso prédio.

(Esses contornos de prata
assim escura
decodificam o mundo)

Juizos  equivocados
algumas ilhas errantes
e raízes desterradas
revolvem o concreto desgastado
das calçadas
enquanto as asas da lua
fogo frio
roçam de brilho
o corpo do oceano.

sábado, junho 21, 2014

Ultimo gole do vinho de segunda

A solidão
é pele
sobrepota.

A aranha no seu canto
degusta pensamentos
enquanto devora
o inseto.

As ruas são
agora
galáxias obscuras.

O tempo triturado
dispersa constelações
por entre um bando
de pássaros perdidos.

quinta-feira, junho 05, 2014

Andorinhas



As andorinhas do mundo
reunem a espécie num único fio
num beiral
e ali esperam
enfileiradas
sábias
verões que se aproximam
porque nada mais sabem as andorinhas
que do verão.

quinta-feira, maio 22, 2014

A meu pai Pai


Pai,
hoje te encontrei
bem jovem
olhando para mim
da capa de um disco de Tom Waits.
Por entre tantas coisas
tanto refugo e restos
e noites longas
que te deixavam na herança de um outro dia
soturno, a voz quebrada,
por que não me disseste?
Te procurei em tantas fotos
depois que nos deixaste
para saber que sentido teve tua vida
e que dias perdeste
sendo quem nunca foste.
Por que não me disseste?

quarta-feira, abril 30, 2014

As dúvidas de Ismália





Atiro-me no céu
o mar me acolhe
jamais estou bem certa
ou satisfeita.
Não sei se mate ou morra
se decorra
ofenda ou me defenda
se pesquise
atente ateste desafie indique
ou simplesmente fique
dopada e colorida
consumodeslumbrada.

segunda-feira, abril 21, 2014

Veneza versão 2





A mais brilhante estrela está mesclada
a uma sujeira cósmica de argueiros
a uma poeira negra e cintilante
— crinas dispersas de um cavalo negro
juba noturna do leão de Marcos.

Do vão da noite os pórticos abertos
chamam a seu rumo o sonho e o poema
mas a ilusão comanda essa viagem:
seguirão no vazio estas palavras
beirando a noite e seus caminhos sujos
rememorando lembranças — crina e pó
sobre Veneza partida em seus cristais
estátuas perdidas no passado
e seu perfume de tapetes raros
o céu tremeluzindo em seus canais.

sexta-feira, abril 11, 2014

Finito





Perto de um cais noturno, treva espessa,
conto as estrelas sozinhas e me esqueço
de quanto sou também sozinha e triste
desde semanas atrás, quando partiste.

Conto as estrelas caladas e o silêncio
contém a escuridão e é como incenso
subindo em homenagem aos que sofrem
cantando um mudo canto sem estrofes.

E nesse cais escuro debruçada
olho o balanço sem fim da água apagada
pensando vagamente no romance,

jogo finito no primeiro lance,
que foi como um poema ou uma chance
de renovar a vida e deu em nada.