sexta-feira, março 08, 2013

Adágio





Caminha com as mãos às costas
olhando o chão como quem procura
talvez uma alegria
talvez um bom motivo de viver
como por exemplo seu gosto por comida
ora interdito.

Pelas janelas da casa voaram mais que cortinas
e há silêncios guardados nos armários
onde antes se guardavam remédios fechados à chave
com o cuidado de quem cultiva vírus num laboratório
enquanto as crianças brincam no quintal.

Uma cintilação de mar ao longe
pode ser vista entre os cascos de navios
e barcos de regata
o homem do cais puxando suas cordas
bronzeado de dar inveja
fotógrafos procurando os ângulos melhores
bem além do varal onde esqueceram uma saia.

Há um ventilador parado no canto de um dos quartos
porque fazia frio como agora
as paredes são da cor da sombra
quando falta o sol
e todos os brinquedos nas estantes cantam à capela
um adágio desencontrado
sem esperar um terceiro movimento
no aquário onde um peixe vermelho escureceu.


Poema reeditado

12 comentários:

Teté M. Jorge disse...

Silêncios cintilantes...

Feliz fim de semana.
Beijos e flores.

Fred Caju disse...

E eu leio, releio e continuo querendo continuar.

Teté M. Jorge disse...

Seus versos são sonhos no meu pensamento... (levei o Voo para o Sedimentos... espero não decepcioná-la).

Beijos e flores.

Unknown disse...

este final é desconcertante, demais



beijo

dade amorim disse...

Também para vc, Teca querida, beijos, flores e um fim de semana especial.

dade amorim disse...

Fred, fico feliz de ler seu comentário.

Beijo.

dade amorim disse...

Adorei ver Voo em seu blog, Teca.

Acho que já te disse isso...
Beijo

dade amorim disse...

Assis, obrigada pelo comentário e pela opinião.]

Beijo

Ivan disse...

Um poema que não se esquece...
Beijos do Ivan

dade amorim disse...

Obrigada Ivan, pelo carinho e presença.
Beijo.

Unknown disse...

Ótima experiência a leitura deste poema.

dade amorim disse...

Obrigada, Pedro Luiz Da Cas Viegas.
Um abraço e volte sempre que quiser.