sexta-feira, maio 30, 2008

Registro

Acordou em agosto
sentou à mesa junto da janela
com a xícara de café
o líquido quente na língua
a ardência no peito.
A sala era uma perspectiva acinzentada
como se a tivessem pintado durante a noite.

Levantou de repente
desceu correndo os degraus
e seguiu pela calçada cumprimentando quem passava
como se conhecesse cada um há muito tempo
pensando – melhor assim –
e sorria ao grupo de crianças de uniforme
e à velha senhora passeando um beagle barrigudo
não muito mais novo que ela.

Aguentou o sorriso duas esquinas e três passos.
Caiu entre as pernas dos transeuntes que corriam
para não perder a hora do trabalho.

Um comentário:

Anônimo disse...

triste como a solidão urbana/
medida de nossas vidas...

liuba