quarta-feira, abril 09, 2008

Marés





Um lado do horizonte está perdido
nas horas encobertas pelas águas
pegadas que o vento cura.

O sol tirou das águas do delírio
um rastro aceso
memória morta de astro.

Restam as espumas as tardes
o lixo das marés
e os náufragos lavados pelo sal
que nunca vimos
mas conhecemos na pele
de nossos corpos vulneráveis.

4 comentários:

Héber Sales disse...

Algumas imagens me lembraram uma coisa que estou escrevendo e tá ficando mais ou menos assim:

À civilização combate
Naquela costa brava, erma
Um legítimo almirante:
Um mar resoluto, de guerra.

Não faz, porém, só a peleja
Que ao olho nu muito imaginam;
Faz coisa pior, sorrateira,
Com o seu sopro que traz ruína.

Sopro de sono e de morte,
De guardar para arqueologias;
Sopro severo em seu ofício
Que desencarna: coisifica

Que encomenda para fóssil
A aposta humana com a natureza
E entrega as suas obras e cores
Para o domínio de um deserto.

*Um beijo*

Héber Sales disse...

"E ca, apareceu ou deslizou da rede?"

não entendi bem essa frase tua... é sobre o poema ou sobre minha visita ao blog?

um beijo

Anônimo disse...

essa última estrofe, adade, é toda ela um achado.
bravíssimo!

um beijo grande.

Héber Sales disse...

não, ca não apareceu... mas valeu pela força, deda.
um beijo.