quinta-feira, agosto 14, 2008

Cidália




Mendiga de tradição na rua de pedra
Cidália adormecia toda noite
sob a marquise do banco
debaixo de uma colcha de cor indefinida
e ao meio-dia se postava ereta
diante da cozinha do pé-sujo.

O banco virou loja
sem marquise
bem na semana em que o pé-sujo fechou.

Na rua estranha
Cidália se escorou
altiva
no muro branco.

Não há lixa
sabão nem
demão de tinta que desmanche
o vulto de Cidália.

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