quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Casa


Klimt. Beijo.


A casa tem passado e está incompleta.
Da porta se veem cantos na penumbra
das janelas a luz dilui-se devagar
ao ritmo da tarde e de lembranças
que não são nossas e no entanto chamam
vozes tão mansas e acolhedoras.

Malas de amor antigo nos esperam
sem palavras
carregadas
de olhares que se cruzaram tantas vezes
carícias no prazo de validade
e um desejo ainda poderoso que deixou  
raízes na sala de jantar.

9 comentários:

Unknown disse...

Poema denso e à memória intenso. Abraço.

Amélia disse...

Bela leitura de um quadro- como o fez também Jorge de Sena em metamorfoses. Gostei muito

Fabio Rocha disse...

Ah, o peso dessas malas...

O poema, no entanto, é leve e gostoso.

Beijos

nydia bonetti disse...

estas "raízes na sala de jantar" e este "leito aberto ao enigma como um sacramento" são imagens belíssimas, Adelaide. Sempre no tom equilibrado e sereno da tua poesia, que tanto me en_canta.

beijos!

Anônimo disse...

Muito muito bom!!

"a casa tem passado e está incompleta"


Belo poema!

Susana Miguel disse...

a casa tem passado e está incompleta. lindíssimo.
e quanto tempo demoraremos a reconstruir a casa, a completar um coração?

beijinhos:)

Anônimo disse...

Posso ver essa casa incompleta e seu passado, as raízes, "o leito aberto ao enigma como um sacramento" - maravilhoso!
Beijo
César

Jefferson Bessa disse...

lançando luzes sobre a casa,
luzes sobre os cômodos / a memória.
cores de enigma.

que bonito, Adelaide! Um grande prazer visitar seu blog.

beijos.

Jefferson

Nilson disse...

Equilíbrio, serenidade: bem disse Nydia. Gosto mesmo daqui! (O livro, como disse, chegou. Te dou notícias!).