quarta-feira, julho 11, 2007

Cidade



As linhas de minha mão
se estendem pelas calçadas da cidade
e bifurcadas desenham quarteirões.

As praias de meu desejo
sem promessas
surgiram de repente numa esquina
e imprevistas se cumpriram.

Nesta cidade traçada em minhas mãos
há sempre o mar
rosais pelos jardins
e brisas a alimentar as minhas forças.

Até me alegra
saber que os cruzamentos
predizem riscos
nos sinais da vida
: sigo o rastro do perigo
nas trilhas que o povo abriu
como feridas.

Não quero descobrir
aonde me levam luzes falsas
encontrarei talvez horas malditas
de lâminas na carne.
Ainda assim tudo que mais desejo
é a cidade das surpresas
sempre a brotar em milagres
das linhas de minha mão.

Um comentário:

Maria Azenha disse...

"nesta cidade traçada em minhas mãos
há sempre o mar"...
"as luzes falsas da noite
não quero descobrir aonde me levam"
...
"e ainda assim tudo que mais desejo
é a cidade das surpresas
sempre a brotar em milagres
das linhas de minha mão "...
gostei muito, Adelaide.

tão cheio de viagens por dentro, este poema


Beijo,

mriah