quinta-feira, agosto 09, 2007

Balada do enjeitado


Mãe,
o que você procura
se estou aqui?
O que te chama
tão longe de tua cria?
Que mundo é esse teu
de onde chegam vozes misturadas
memória de lugares tão estranhos?
De onde te chama a voz que me angustia?

Alguém tem que me ver,
mãe,
para que eu possa viver
fora dos prados cinzentos
que me cercam
antes que o frio e as sombras me atravessem
e se desfaça o corpo que me deste.

E de que vale essa vida
sem um olhar que lixe meus contornos
e me apare as arestas
e me ampare?
Para que serve minha boca
se não sugar a festa de teu leite?
Tenho o tamanho e o talhe de teus braços
e não me tomas.
Com quem aprenderei a alegria?

Mãe, eu te suplico,
afasta de tua face essa tristeza
e aceita teu presente.

Um comentário:

Ana M disse...

adorei tua "elegia", principalemnte a primeira e a última frases. algumas pessoas nunca são futuro mesmo; e que tempo será eu sou? fico, talvez, no imperfeito do indicativo.