domingo, setembro 21, 2008

Sem saída


Charles Sheeler. Janelas.

No ponto de ônibus
a gente olha as revistas
da banca
e dos grafites escorre esta cidade
enquanto
a furadeira tritura uma energia
suada ao sol.
 
Os ônibus são animais em extinção
noutro hemisfério
mas aqui
bebemos mistérios de óleo diesel.

A lua em marcha vai sumir do céu
levando em suas pontas
esgarçado
o território da estação mais fértil
sem que a cidade
consiga adormecer.

2 comentários:

meus instantes e momentos disse...

vim conhecer teu blog, gostei daQUI.
tENHA UM BELO DOMINGO.
mAURIZIO

Rose disse...

`As vezes ficamos assim na "cidade de pedra": sem saída ...
Um belo poema urbano, Adelaide! Gostei muito das imagens inusitadas você construiu para ele:
"aqui bebemos mistérios de óleo diesel"
"A furadeira tritura as energias
dos operários suados"
"os ônibus são animais em extinção"
Carinho!
Rose.

P.S. Obrigada pelo seu comentário delicado sobre o meu texto! O que costumo fazer, vez em quando, são alguns exercícios de poesia, sem pretensão alguma.Só isso!