segunda-feira, março 16, 2009

Udo



Van Gogh. O pastoreio em Nuenen. 1885.



Fugiu de sua terra há sete décadas
moram com ele na casa de sobrado
um cinzeiro rachado da Bavária
a escrivaninha surrealista do tio que sofria
de esquizofrenia
e um ruído de rio
permanentes ambos o rio e o ruído.

Da sala se ouve um zunzum discreto
mas constante
onde trocam ideias o pai
a mãe e a mestra de sua escola da infância
que – fossem vivos – teriam
cada um
ao menos cento e vinte.

Às vezes ele chega até a janela
e se não há muito sol nem muita chuva
e o rio corre manso
diverte-se passeando em pensamento
pela memória da margem mais deserta
até encontrar alguém
que fale o alemão fluentemente.

 

4 comentários:

Fragmentos Betty Martins disse...

._____querida Adelaide




sempre qu a lei-o_____é uma lição_____...



______///





beijO____ternO

Gisela Rosa disse...

como "um ruído de rio" que me ficou no ouvido...

lindo, lindo!

Um beijinho, Gisela

king of pain disse...

Gostei da historinha poética!
Beijos!

Anônimo disse...

A poesia é moldável a todos os tons. Belo poema, cuja veia dramática cristaliza um momento digno das mais vívidas telas, dos melhores livros. Adorei!

Beijos,