sábado, agosto 14, 2010

Poema amigo: Susana Miguel



há dias em que sou o alimento e o sumo doce da uva,
em que sei a largura dos ossos e a flexibilidade do arco.
às vezes, confundo a sombra dos objectos, a paisagem e os espelhos.
depois tento escrever sobre o pó e os símbolos que conheço e que não conheço.
há caligrafias internas e isso o que é (pergunto) e a noite e a metáfora e eu
apenas sei de vidros, da espuma nos talheres de que já te falei em 2007
e pouco mais. há dias em que respiro muito pouco, sabes.
é apenas o músculo que separa o tempo
e entre as coisas está, às vezes, a alegria de tudo.


                                                                                                                         Susana Miguel
                                                                                                                         13jun2010





Mesmo assim

Há um pássaro invisível
– sei dele como de mim
que me visita alguns dias
canta canções profanas
e desconhece limites.

Por ele
às vezes uma lembrança
volta a ser desejo
repete melodias
e dança
mesmo sabendo
do que passou
sem volta.
 
 
dade amorim
      11jul2010





7 comentários:

José Carlos Brandão disse...

O pássaro canta, e isso é tudo.
Poema doce, de aceitação, equilíbrio. Cantemos.
Um abraço amigo.

Amélia disse...

Belo poema para quem sabe ou ouvir eestrelas ou oássaros invisíveis...Bom dia, amiga!

Unknown disse...

um dueto e tanto, coisas aladas, metáforas, ares diáfanos,


beijo

Eder disse...

Um bela parceria mesmo,

Adorei o poema amigo de hoje, virou meu amigo também.

Nilson disse...

Extraordinário diálogo! A poesia costuma esse pássaro e a alegria de tudo,tão tênue. Um abraço, Dade!

Úrsula Avner disse...

Oi Dade, os dois poemas são belos e dialogam de forma harmoniosa, emoldurados por um lirismo encantador. É sempre muito bom estar aqui. Bjs.

Anônimo disse...

As palavras com as quais me identifico são como esses pássaros que nos revisitam.

E parabéns por mais este poema amigo.

Beijos.