há dias em que sou o alimento e o sumo doce da uva,
em que sei a largura dos ossos e a flexibilidade do arco.
às vezes, confundo a sombra dos objectos, a paisagem e os espelhos.
depois tento escrever sobre o pó e os símbolos que conheço e que não conheço.
há caligrafias internas e isso o que é (pergunto) e a noite e a metáfora e eu
apenas sei de vidros, da espuma nos talheres de que já te falei em 2007
e pouco mais. há dias em que respiro muito pouco, sabes.
é apenas o músculo que separa o tempo
e entre as coisas está, às vezes, a alegria de tudo.
Susana Miguel
13jun2010
Mesmo assim
Há um pássaro invisível
– sei dele como de mim
que me visita alguns dias
canta canções profanas
e desconhece limites.
Por ele
às vezes uma lembrança
volta a ser desejo
repete melodias
e dança
mesmo sabendo
do que passou
sem volta.
dade amorim
11jul2010
7 comentários:
O pássaro canta, e isso é tudo.
Poema doce, de aceitação, equilíbrio. Cantemos.
Um abraço amigo.
Belo poema para quem sabe ou ouvir eestrelas ou oássaros invisíveis...Bom dia, amiga!
um dueto e tanto, coisas aladas, metáforas, ares diáfanos,
beijo
Um bela parceria mesmo,
Adorei o poema amigo de hoje, virou meu amigo também.
Extraordinário diálogo! A poesia costuma esse pássaro e a alegria de tudo,tão tênue. Um abraço, Dade!
Oi Dade, os dois poemas são belos e dialogam de forma harmoniosa, emoldurados por um lirismo encantador. É sempre muito bom estar aqui. Bjs.
As palavras com as quais me identifico são como esses pássaros que nos revisitam.
E parabéns por mais este poema amigo.
Beijos.
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