segunda-feira, setembro 13, 2010

Visitante


No fim de um dia de trabalho
a noite consumada
ele vem me falar.
Desde cedo
o dia estava propício a estranhar
quase tudo que se explica pela lógica.
Espantava ser aceito
e respeitável entre os iguais
– espanto familiar
tão natural como beber água
ou ir à janela olhar a rua.

O estranhamento se aplaca
como se um amigo antigo
dissesse sou eu
do outro lado da porta.

Custei a entender
e agora sei
– isso acontece
para ampliar espaços
onde o corpo com sua alma pendurada
podem voltar a ser a dupla que já foram.
Mostra que a vida
não pode ser o que se pensa
mas tem vertentes ousadas
que o outro talvez saiba explicar
ou simplesmente vive.

O outro me abraça e segue
de um jeito calmo e surpreendente.
e vai mais longe que eu.
Aceito a mão que me dá
e vendo tudo tão claro
chego a pensar que morri
atrelada a essa imagem
de outro registro.

11 comentários:

nydia bonetti disse...

dade, sei tão bem destes estranhamentos, deste outro lado que aflora, que às vezes nos afronta, outras vezes nos consola... beijo, querida, boa semana.

Unknown disse...

como se viver fosse um inconstante caminho para o reencontro,

beijo

Anônimo disse...

Afrontamentos, confrontos do ser.

Demais!

Beijo.

José Carlos Brandão disse...

Dade, vivemos nos estranhando e estranhando ao outro. Quem somos, afinal? É fácil não nos reconhecermos no espelho - e também é fácil o encontro com o outro ou com nós mesmos.
Um beijo.

Úrsula Avner disse...

Oi Dade,

profundo, cheio de aspectos existencialistas, onde a complexidade salta em cada verso desenhando facetas, mistérios... Bj.

Anônimo disse...

Irado, Dade.
Ainda tenho muito a fazer por aqui.
Beijos do Luis.

Unknown disse...

LINDO, DADE!

Como é fácil se estranhar e difícil se completar no entendimento.

Belíssimo!

Beijos

Mirze

dade amorim disse...

Volte sempre, Luís, é uma alegria.
Você tem um link?
Beijo.

MariaIvone disse...

Essa dualidade que sempre nos acompanha e por vezes nos confunde e nos baralha, permite-nos indecisões.
A procura do eu verdadeiro é uma constante ao longo da vida. Estranhamente, por vezes, estranhamo-nos.

Beijos, Dade
MariIvone

Carol Timm disse...

Dade,

Sua poesia está cada dia mais cheia de significados, emoções...

Essa, em especial, reli várias vezes e cada uma das leituras me abriu uma nova janela.

Beijos,
Carol

Luiza Maciel Nogueira disse...

Olá Dade, será um imenso prazer, pode publicar a vontade os desenhos - só por favor deixe um link ou na imagem ou no meu nome - um beijo querida!