atrás da porta do armário
numa sacola de camurça
ruça
deixo ficar os dias
que se recusam a virar passado
as pétalas e
as cartas sem resposta
um dia se esfarelam sem aviso
mas há desejos de longa duração
amores refugados
e algumas alegrias
dessas que os poetas antigos chamavam peregrinas
quem disse que só temos
o presente?
ou dito de outro modo
talvez nosso presente seja
exatamente
uma sacola velha de camurça
quinta-feira, março 05, 2009
domingo, março 01, 2009
Terapia
terça-feira, fevereiro 24, 2009
Depois
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
Ainda assim
sábado, fevereiro 14, 2009
quinta-feira, fevereiro 12, 2009
Desígnio
Toda mensagem que diz se cuide
– a lâmina brilhando fosca junto ao vidro –
regurgita um pouco.
Falta um pedaço a todas as mensagens.
Tudo que mais queria
era algum gesto sem muito conteúdo
uma vontade de viver sem portas
palavras ocas simples
uma vontade de viver sem portas
palavras ocas simples
levianas
desperdiçando minutos.
Lembranças soterradas escorrem
esfolam a pele
longe da indiferença das calçadas.
Lembranças soterradas escorrem
esfolam a pele
longe da indiferença das calçadas.
domingo, fevereiro 08, 2009
Acorde

Um acorde
sem grandes compromissos com o mundo
escorre das folhas de hera
úmido de penumbra
e concilia discórdias
sem importância.
Esse acorde enovelado
em folhas de existência
é uma esperança rasteira e muito frágil
que não resistirá à luz iníqua nem
à perversidade com que a manhã
se apossa das janelas.
sem grandes compromissos com o mundo
escorre das folhas de hera
úmido de penumbra
e concilia discórdias
sem importância.
Esse acorde enovelado
em folhas de existência
é uma esperança rasteira e muito frágil
que não resistirá à luz iníqua nem
à perversidade com que a manhã
se apossa das janelas.
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
...
segunda-feira, fevereiro 02, 2009
A noite transpassada

Barcelona à noite.
No começo a lua
móvel
trincava o azul e
rasgava
as nuvens feitas de gaze
pela mendiga do porto.
Cunhou corpos
sem memória
e inventou recortes
ora silêncios, ora
noite madura
pela constelação angulada
das calçadas.
Bichos se escondem na noite
móvel
trincava o azul e
rasgava
as nuvens feitas de gaze
pela mendiga do porto.
Cunhou corpos
sem memória
e inventou recortes
ora silêncios, ora
noite madura
pela constelação angulada
das calçadas.
Bichos se escondem na noite
enquanto
a galáxia das ruas se desgasta e
fixa
breve paisagem morta
pedra e enigma.
a galáxia das ruas se desgasta e
fixa
breve paisagem morta
pedra e enigma.
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Gaveta
Assinar:
Comentários (Atom)