segunda-feira, julho 12, 2010

Mesmo sabendo

Há um pássaro invisível – sei dele como de mim
que me visita alguns dias,
canta inaudível
e diz coisas profanas.

Um outro pássaro feito de alegria
altera meus limites.

Por ele às vezes uma lembrança
volta a ser desejo
repete melodias
e dança
mesmo sabendo que o tempo segue seu caminho.


***


Poema-amigo

Adair Carvalhais Júnior é um poeta e produção intensa e rica de beleza, em seus vários blogs: Ventos desencontrados, Todo poema é um risco, Terra forasteira.

Trouxe um de seus poemas, da série Biografia:


biografia XXXIII: maduro

oferecer às mãos dos
meninos todos
fios grisalhos harmonizar

os passos ao
pendor da
terra

acolher o pai que tropeça
atrás e jamais se
esquece as sombras

que exalam os
frutos límpidos das
fontes

cada passo uma
viagem completa um
perene

amanhecer

12 comentários:

Anônimo disse...

Dos pássaros que nos visitam e nos desabitam a cada inverno nosso. Lindo poema, Dade.

Gostei de conhecer o poeta de hoje também.

Beijos.

Adair Carvalhais Júnior disse...

Obrigado Adelaide.

Sabe como fico feliz que você goste.

um beijo

MariaIvone disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MariaIvone disse...

Bom que, mesmo sabendo que o tempo segue o seu caminho, alguns pássaros nos visitem.

Bjos

Marcantonio disse...

Mesmo supondo saber, de antemão, o que seja poesia, ela se desvia surpreendente, e a cada dia se faz outra. E como esses pássaros que ela convoca se reconfiguram nesse seu poema! Hoje foi dia de rever pássaros, aqui, e lá no Assis Freitas!
E, de quebra, ainda encontro aqui esse encaminhamento para esses ventos desencontrados que me surpreenderam!

Com admiração,

Abraços.

Carol Timm disse...

Dade,

Não cabem em mim (de tão livres) esses pássaros...

e por isso mesmo suas asas nos libertam, como certos verso.

Mais um poeta para viajar...

Beijos,
Carol

José Carlos Brandão disse...

Gostei dos seus pássaros, Dade. É a poesia que persiste, mesmo sabendo-se inútil.
Abraços.

José Carlos Brandão disse...

ah, e gostei de conhecer o Adair Carvalhais. Obrigado.

Unknown disse...

Dade!

Esses pássaros invisíveis, percorrem nossas vidas e sempre aparecem!

Belíssimo!

Adair Carvalhais, que passo a conhecer, encantou-me!

Beijos

Mirze

Unknown disse...

teu poema é estupendo, assim que deixa a gente abestalhado, contaminado,

beijo

Andrea de Godoy Neto disse...

Dade, maravilhosos esse poema dos pássaros! fiquei aqui a ler e reler...

gostei muito também do poema de Adair

um abraço

Fred Matos disse...

O Adair é poeta originalíssimo e amigo querido. Gostei de lê-lo aqui. Ótimo também o seu poema, Dade.
Beijos