Décimo andar.
Um dia de mar tão quieto
nem uma brisa leve
na trança do jasmineiro da varanda
onde os insetos dormem.
Ruas desertas
ramos de asfalto quente
no tronco da cidade.
Do alto o mundo contempla
a praia mais afastada
que a vista não alcança da janela.
Alguma coisa ressurge das camadas
de sílica e distância
a sombra tatuada bem ao fundo
e coisas flutuando no silêncio
alguém que se imobiliza
e dilacera.
O mar travado
a vida
em transe.
11 comentários:
Dade do meu coração, vc trançou a natureza ao concreto, ao aço das construções. E tudo, tudo o que vc toca vira poesia, nossa!
Beijo.
como se fosse um filme em camera lenta sigo o poema, também eu transido
Fantástico!
Há vida neste poema. Embora profundo, é de uma construção maravilhosa!
Que bom Dade, que você nos premia com estas obras.
Um beijo
Mirze
Dade, desde cedo ouço Mozart, hoje foi um dia daqueles. Então ler este poema foi uma experiência inenarrável. Foi levitar incrivelmente estar no ar.
imenso abraço
Que descrição mais realista transbordante de poesia!
Quase senti o cheiro do jasmim, quase adormeci na quietude do mar, quase...
bjos
MariaIvone
De arrepiar. E de encher os olhos dágua. Obrigado, Dade, por esta dádiva.
Este poema tem uma força que não se explica logo, como se nos envolvesse nesse transe de que fala a última estrofe. Pode ser porque cada um de nós tem seus motivos para temer esse tempo travado no mar, essa imobilidade que não deixa abertura para nenhuma fuga. Coisa de gente grande.
Bj do Ivan.
Entrei pensando que não adiantaria, vc havia avisado que pararia um pouco por causa do LER e, então, que surpresa boa. Acabei de ler um SENHOR poema. Parabéns, dade!
Oi Dade,
coisas flutuando no silêncio... Aqui encontro lindas imagens poéticas, metáforas ricas que me fazem deleitar no que chamamos poesia... Bj.
Dade,
Você encontra poesia em toda parte, amiga, até nessa nossa cidade de asfalto e cimento.
Beijos e um ótimo feriado!
Carol
PS: Essa semana começa na quarta, oba!! (rs...)
Senhor poema, concordo com Gerana. O repouso foi produtivíssimo!
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