sexta-feira, setembro 17, 2010

E se os anjos andassem pela Terra?

 

                                              Cena de Asas do desejo, de Wim Wenders.

 
A ornitologia
não prevê híbridos nem bichos tristes
mas tem por objeto apenas
aves
– talvez asas.

A solidariedade
com seus pares de asas instantâneas
e fugazes
dispensa documentos.

Um anjo não seria a data certa.
Os anjos fluem no tempo e não têm fim
cadastro ou classe
– são marcas de fantasia sem empresa
e se eles amam
o amor que irradiam é de outra dimensão.

Não sendo assim um anjo será
Lúcifer, o anjo ambíguo,
se não o amante ideal, perfeito e malvestido.

12 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Fiquei sem palavras. Parabéns, dade, pelo seu talento.

nydia bonetti disse...

Que coisa, dade... Fiz hoje um poema sobre anjos que sopram nossas dores e as suavizam. Eles andam sobre a terra, creio nisso de verdade. beijos!

Unknown disse...

que composição, divina


beijo

Unknown disse...

É verdade, Dade!

Lembrei das divagações de Rilke com seus anjos.

A transferência que você fez das asas aos anjos, foi formidável!

Uma delícia de ler.

Beijos

Mirze

Breve Leonardo disse...

[... assim escreveram as minhas mãos a procura do anjo:

"Alma não jura; quando muito mente e desmente a escura escuridade. Alma é luz, anjo alumia. Alma acorda, anjo vela o sono do vagabundo. Alma dá de vida o que anjo cuida."

... também]

um imenso abraço, Amiga Dade

Leonardo B.

Eder disse...

Hãn Jô?

Lindo Dade!
Parabéns!

Carol Timm disse...

Dade,

Esse poema é lindo e o começo é sensacional.

Beijos,
Carol

Marcantonio disse...

Adoro poemas assim, como se o próprio tom de enunciação persuasiva se tornasse metáfora.

Se os homens inventam os anjos, deve ser porque eles próprios tem algo de angelical, mesmo que se envergonhem das próprias asas. E o que mais próximo chega de um anjo da anunciação é um poeta, ou um músico.

Belo e elevado poema.

Beijo, Dade!

Amélia disse...

Magnífico, Dade! este, se calhar, ainda há-de ir parar ao meu blogue...beijo amigo

Anônimo disse...

Amou demais, o anjo mau.

Beijo.

MariaIvone disse...

Dade
Deixei-me levar nas asas do seu poema como se de um anjo se tratasse. Gostei dessa outra dimensão de sentir a vida, talvez anjo ambíguo, qual Lúcifer.

Beijos
MariaIvone

Andrea de Godoy Neto disse...

surpreendente, Dade!
E restam por aí tantos anjos caídos que já nem podemos contar...

beijos