A ornitologia
não prevê híbridos nem bichos tristes
mas tem por objeto apenas
aves
– talvez asas.
A solidariedade
com seus pares de asas instantâneas
e fugazes
dispensa documentos.
Um anjo não seria a data certa.
Os anjos fluem no tempo e não têm fim
cadastro ou classe
– são marcas de fantasia sem empresa
e se eles amam
o amor que irradiam é de outra dimensão.
Não sendo assim um anjo será
Lúcifer, o anjo ambíguo,
se não o amante ideal, perfeito e malvestido.
12 comentários:
Fiquei sem palavras. Parabéns, dade, pelo seu talento.
Que coisa, dade... Fiz hoje um poema sobre anjos que sopram nossas dores e as suavizam. Eles andam sobre a terra, creio nisso de verdade. beijos!
que composição, divina
beijo
É verdade, Dade!
Lembrei das divagações de Rilke com seus anjos.
A transferência que você fez das asas aos anjos, foi formidável!
Uma delícia de ler.
Beijos
Mirze
[... assim escreveram as minhas mãos a procura do anjo:
"Alma não jura; quando muito mente e desmente a escura escuridade. Alma é luz, anjo alumia. Alma acorda, anjo vela o sono do vagabundo. Alma dá de vida o que anjo cuida."
... também]
um imenso abraço, Amiga Dade
Leonardo B.
Hãn Jô?
Lindo Dade!
Parabéns!
Dade,
Esse poema é lindo e o começo é sensacional.
Beijos,
Carol
Adoro poemas assim, como se o próprio tom de enunciação persuasiva se tornasse metáfora.
Se os homens inventam os anjos, deve ser porque eles próprios tem algo de angelical, mesmo que se envergonhem das próprias asas. E o que mais próximo chega de um anjo da anunciação é um poeta, ou um músico.
Belo e elevado poema.
Beijo, Dade!
Magnífico, Dade! este, se calhar, ainda há-de ir parar ao meu blogue...beijo amigo
Amou demais, o anjo mau.
Beijo.
Dade
Deixei-me levar nas asas do seu poema como se de um anjo se tratasse. Gostei dessa outra dimensão de sentir a vida, talvez anjo ambíguo, qual Lúcifer.
Beijos
MariaIvone
surpreendente, Dade!
E restam por aí tantos anjos caídos que já nem podemos contar...
beijos
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