quarta-feira, maio 18, 2011

Calçadas


Anda pelas calçadas conhecidas
desta e de outras cidades
e nunca deixaria de chegar
ao arvoredo
na praça onde há mais sombra
insetos entre o cascalho
e o que se espera
nunca é mencionado
– algum desejo
alternativo às lembranças
de hálitos ou gestos.

Ao menos nessa noite
a assimetria de um espaço novo
na cidade
algum lugar marcado
como um cenário
uma pisada no cimento fresco.

Teria visto um agitar de asas
sobressalto
para lembrar na hora do café
e ter certeza enfim de alguma coisa
mesmo não dita
mas infiltrada e aspergida
algum lugar
enfim
transporte para a vida. 



8 comentários:

Daniela Delias disse...

Dade!!! Há coincidências que encantam...acabei de postar um poema, fiquei um tempão olhando pra ele, tentando descobrir o nome que teria. Eis que me deparo com nossas "calçadas"...as tuas, lindas, como sempre...os ventos da poesia, pelo visto, levaram-nos a deixar os pés sob o mesmo encanto poético! Bjos, carinho imenso!!!

Zélia Guardiano disse...

Maravilha completa, minha querida Dade, a começar pelo título, tão singelo e, ao mesmo tempo, tão significativo!
As calçadas da vida, por onde vamos deixando o carimbo das nossas pegadas...
Bravo!
Abraço bem apertado!

Anônimo disse...

Basta um caminhar solitário por um lugar específico para surgirem lembranças que nem sabíamos onde estavam enterradas.

Grande beijo, poetisa.

Unknown disse...

DADE, querida!

Um poema de gênios. Tudo tão claro, e quase nunca percebemos.

EXCELENTE!

Beijos

Mirze

Úrsula Avner disse...

Lindo poema Dade, assim como o
" Calçadas " da Daniela também ! Sintonia poética que encanta... Bj.

nydia bonetti disse...

Teu poema imediatamente me lembrou "Esquadros" da Adriana Calcanhoto. Uma ponte... Alguns poemas fazem isso comigo. Lindo, Dade. beijos.

AnaC disse...

Amei este poema, que fala diretamente à sensibilidade de quem vive numa cidade como a nossa.

Beijos.

Graça Pires disse...

A solidão que se passeia nas calçadas...
Um belo poema!
Beijos.