sexta-feira, maio 27, 2011

Rios

 
                              Da internet, sem nome de autor. 


Este rio lamentoso
reza pedras de rosário
estrada estreita e molhada
diferente das estradas
líquidas
de outras terras.

Este outro rio
devoto e pio
murmura preces
de quem já sabe
que um dia seca.

Desliza
de espelho incerto
cumpre seu curso
mas não tem barcos
rola e murmura
sempre modesto.

Paixão de rio
é amar o abismo
e se entregar
sem medo
ao salto.

Mais desinquietos
são outros rios
que ele recorda.

Dessa janela
penso no Reno
vejo o Amazonas
na fantasia
e o São Francisco
mas este rio
se chama apenas
o Trapicheiro.




10 comentários:

Marcantonio disse...

É isso que a poesia faz. Eu jamais o vi como um rio. E saio daqui pensando que tenho algo de rio Trapicheiro. Talvez por isso sonhe tanto com outros rios, onde haja barcos, quedas e saltos, longe da via pública.

Esplêndido!

Beijo, Dade.

Unknown disse...

LINDO!!!

Dade, juro que não fico esperando sair seu post, desta vez coincidiu de chegar e pegar saindo do forno esse belíssimos rios.

Achei super interessante o rio lamentoso rezar, o rio lamentoso e pio apenas murmurar como se já saciado seu feito.

Um poema rico em todos os sentidos!

Grande poetisa!

Parabéns!

Beijos

Mirze

Suzana Martins disse...

A poesia é esse rio de versos que corre dentro de nós...

Lindo querida!!!

P.s: Gostaria de convidá-la para escrever no meu blog (Entre Marés) sexta-feira que vem. Aceita?? - Espero sua resposta, me escreve: suzana.martinss@gmail.com

Beijos e lindo final de semana!!^^

Unknown disse...

"O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o tejo não é o rio que corre pela minha aldeia".

Alberto Caieiro


beijo

nydia bonetti disse...

havia um rio na minha infância [... ainda há

lindo, Dade! beijos!

Úrsula Avner disse...

Oi Dade, belo poema ! O rio murmura preces de quem já sabe que um dia seca... Belas imagens poéticas num versejar encantador. Bj.

César disse...

A poesia se serve das coisas da natureza e de tudo que existe para concentrar nelas os fenômenos que são intrinsecamente humanos.
Um lindo poema.
Beijo do César

Anônimo disse...

Paixão de rio se assemelha à paixão de poeta, então.

Lindo, Dade!

Beijo.

Anônimo disse...

Dade, teu blog merece um livro.

Beijos da Camila.

J.F. de Souza disse...

Me fez lembrar "El Río", de Javier Heraud.
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1.

Yo soy un río,
voy bajando por
las piedras anchas,
voy bajando por
las rocas duras,
por el sendero
dibujado por el
viento.
Hay árboles a mi
alrededor sombreados
por la lluvia.
Yo soy un río,
bajo cada vez más
furiosamente,
más violentamente
bajo
cada vez que un
puente me refleja
en sus arcos.
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=)

=*