Pesa um silêncio sem volta noite adentro
e luz de água parada nas coisas do outro dia.
É sem remédio e antigo o que acomoda a vida nesse estado.
É mais que tédio
o que resiste e não atrai ou repele
antes se fecha em flor pendendo murcha
vegetal que já não vive
antes que a morte seque o movimento
antes que a pele se solte do músculo contrito.
Como se a vida tivesse se afastado
para espiar de longe a realidade
tudo agora é queda
e nada ficou por descobrir.
8 comentários:
Dade, nunca vi falar do tédio com tanta propriedade como você faz nesse poema. E o final não podia ser melhor que esse: e nada ficou por descobrir. Lindo e sensível.
Beijos
Oi Dade, belas imagens poéticas num texto em profundidade lírica...Bj.
e o tempo adormece dentro do silêncio de palavras...
beijos linda
Caramba, Dade, você pintou uma tela com seu poema, ou traduziu em palavras a emoção de uma cena, eternizando o momento.
Pausar a morte, foi o que seu poema ousou e conseguiu. Não sei se é bom, mas certamente é um belo, belíssimo poema.
Adorei a melodia, o compasso dos versos. Morte calma, resignada...
beijos
Um tédio completamente cheio de coisas. Poesia é isto: surpresa. Calculo que este seja um dos seus poemas mais fortes. Belíssimo.
Um beijo.
Há poemas assim tristes mas cheios de vida e de beleza.
Beijos.
"Como se a vida tivesse se afastado
para espiar de longe a realidade"
Como se o tempo do poema não coincidisse com o tempo real...
Um belo poema.
Beijos.
DEMAIS, DADE!
Só você consegue fazer o tédio ficar bonito!
Beijos super poeta!
Mirze
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