segunda-feira, novembro 19, 2012

O mar do visionário



                                                                            Sem nome de autor.


                             Para Debussy

O mar fala de penínsulas
que há muito o tempo desmanchou
tocadas pelas aves pela espuma
as algas retorcidas
e algumas ilhas sem nome
recolhidas
a uma velha praia desbotada.
O vento vem sonhando
voz de pérolas
de pacientes espumas
e alimento de peixes e sereias.
Os temas que sonha o mar
nunca se acabam
ainda longe de ilhas e areias
como pranto
decantado em salinas desatadas
corais que as ondas cobrem
e serpeiam
em cristas sempre novas
ou explosões de fúria e som
e dor
confins, traições milenares
catedrais e sinos
melodias
entoando vozes submersas
ou náufragos em plânctons conversos.

8 comentários:

Ivan disse...

Belo, Dade! Debussy deve estar contente.

Beijos do Ivan

Primeira Pessoa disse...

dade,
o mar fala de tudo o que ele lava e lambe em sua trajetória.
mas sei que toda concha confessa os seus segredos, seus marulhos. já experimentou escutar o mar dentro de uma concha?
particularmente, acho o mar uma das coisas mais bonitas e assustadoras desta vida.
eu confesso: tenho muito medo do mar. muito!
e uma admiração tamanha, que não cabe numa exclamação.

abração do

r.

Breve Leonardo disse...


[como um esboço na palavra
daquele outro mar, dentro

dos esquiços para La Mer...]

um imenso abraço, Amiga Dade

Leonardo B.

R. Vieira disse...

E o que se ha dizer destes versos minha cara!!!

o venho que vem sonhando...
o mar que falar das penínsulas..

Ave, me envolve nesse ninho e voo, mas voo demais!!!

Salve poesia!!!!

Teté M. Jorge disse...

Transbordantes...

Beijos.

Ira Buscacio disse...

Fala-me o mar de todas as coisas.
Assuntos sérios de infância, as cócegas dos tatuís nas pequenas mãos repletas de risos, os castelos que sempre desabam na língua líquida
Polêmicas da adolescência, pais! sempre os caretas da história, os primeiros tubos, os primeiros sereios
Arrogâncias juvenis, a coragem de enfrentar ondas, espumas e a imensidão de um corpo que é só mistério
Por fim, na maturidade eternamente ignorante, a contemplação e o entendimento de que o homem nada sabe, mas o mar... esse é o grande sábio.
Vixe, eu fui nessa onda e quase não volto rsrs é que mora um mar dentro de mim e esse poema (Lindo!) o cutucou.
Bj grande

Aloísio disse...

O mar é uma fonte sem fim de inspiração, beleza e sustos.
Tudo se passa como na música de Debussy.
Beijos

BlueShell disse...

A sedução do mar...
Quanta profundidade de sentires...
Bj