Alguma coisa se aflige
no ato mero de estender a toalha
sobre a mesa.
Essa desordem
transtorna o mundo em montanhas
atinge a várzea
e triste se contempla
até que o céu se desdobre
azul
(o azul é uma canção desatada
que existe mas não canta).
Os pratos postos embora
alguma coisa exista
que nunca se completa
:
alguma coisa é fuga
e implora
sem conseguir o exato
a imagem submersa
extrema de cansaço
e a descoberta
do que sempre existiu
tumultuado e mudo
e falha
à mesa posta.
8 comentários:
tem sempre alguma coisa...
:*
Que poema mais lindo. E dorido. Com a canção azul embalando-nos.
Um beijo.
O cotidiano e a mesa posta.
Tantas vezes frente ao que exaspera, a poesia é alimento que renova as forças...
beijos Dade
Um simples gesto de rotina esconde sensações que nem sempre são postas junto das conversas à mesa.
Sua poesia tem uma força que traduz o cotidiano que poucos conseguem decifrar.
Beijo.
Pode dialogar com aquela mesa posta que Bandeira diz aprontar para quando a indesejada das gentes chegar.
Dade, que saudade! E que poema lindo, que dor exposta na mesa posta... Beijos
E esse azul que existe mas não canta? melodia profunda e infinita dos silêncio. dói madrugada.
Lindo!
Também senti aqui uma imensa melancolia, dade. Que poema lindo. Beijos.
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