sábado, janeiro 22, 2011

Coma

O irmão que dorme
é mais que um corpo
noite deserta
raiz exposta
e desmentido
de toda espera.

Em sono pleno
ele nos fala
de algum lugar
desconhecido.

Vida e silêncio
enfim colados
a pátria e o leito
seguem calados.

O nosso irmão
adormecido
entra de manso
no barco imenso
que em algum dia
vem nos buscar.

6 comentários:

João A. Quadrado disse...

[parte da mesma raiz, tronco que não se separa, o irmão, no gesto e na palavra, parte da nossa própria matriz]

Abracimenso, Amiga Dade

Leonardo B.

Zélia Guardiano disse...

Ai, Dade...
O barco imenso que em algum dia vem nos buscar...
Lindo e profundo demais!
Bravo!
Abraço, querida.

Unknown disse...

Belíssimo, Dade!

O "coma" é um estado que já presenciei muitas vezes. Nunca se sabe se a pessoa ouve. Mas sente-se que de alguma forma seus sinais são outro tipo de voz.

Beijos, poetisa!

Mirze

Unknown disse...

este seu poema lembrou-me um filme chamado Tempo de Despertar, a história verídica de um americano que despertou depois de longos anos em coma,


beijo

Anônimo disse...

Há esses mundos paralelos nos quais alguns entram; e na volta, não se sabe se sonharam ou se viveram... será que faz diferença?

Beijo, querida.

Ana Guimarães disse...

Pungente. Lembrou-me o barco de Caronte que leva os mortos para o sono eterno.