O irmão que dorme
é mais que um corpo
noite deserta
raiz exposta
e desmentido
de toda espera.
Em sono pleno
ele nos fala
de algum lugar
desconhecido.
Vida e silêncio
enfim colados
a pátria e o leito
seguem calados.
O nosso irmão
adormecido
entra de manso
no barco imenso
que em algum dia
vem nos buscar.
6 comentários:
[parte da mesma raiz, tronco que não se separa, o irmão, no gesto e na palavra, parte da nossa própria matriz]
Abracimenso, Amiga Dade
Leonardo B.
Ai, Dade...
O barco imenso que em algum dia vem nos buscar...
Lindo e profundo demais!
Bravo!
Abraço, querida.
Belíssimo, Dade!
O "coma" é um estado que já presenciei muitas vezes. Nunca se sabe se a pessoa ouve. Mas sente-se que de alguma forma seus sinais são outro tipo de voz.
Beijos, poetisa!
Mirze
este seu poema lembrou-me um filme chamado Tempo de Despertar, a história verídica de um americano que despertou depois de longos anos em coma,
beijo
Há esses mundos paralelos nos quais alguns entram; e na volta, não se sabe se sonharam ou se viveram... será que faz diferença?
Beijo, querida.
Pungente. Lembrou-me o barco de Caronte que leva os mortos para o sono eterno.
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