segunda-feira, outubro 11, 2010

Álbum de retratos

 
Alta rapina de outono
em voo exato
a morte cobre a paisagem
nuvem depois do almoço.
Na hora mais morna do dia
0s pratos sujos
a casa desarrumada
essa visita.


Deixamos os brinquedos no porão
e ela ficou
toda a tarde desfiando
dores perdidas
malogros
atavismos
e rostos fora de moda
em fotos amareladas.

A morte se repetia
e estava nua.

6 comentários:

Zélia Guardiano disse...

Encantador este seu "Álbum de retratos", Dade!
Fez-me correr a pegar a antiga lata de biscoitos que fazia as vezes de álbum , para minha mãe, e que hoje é minha.
Tudo sépia...
Bem, talvez sépia seja , nesta altura, a vida...
Mas, voltando ao seu poema: coisa mais linda! Tudo do jeitinho que é...
Forte abraço, querida!

João A. Quadrado disse...

[o mundo dos retratos vive na imensa escuridão do seu álbum... ainda que aberto devolva tanta luz como o astuto astro]

um imenso abraço, Amiga Dade

Lonardo B.

Anônimo disse...

Nossa, dilacerante. Liricamente perfeito!

Beijo!

Unknown disse...

puxa que final, me deu um arrepio


beijo

Úrsula Avner disse...

Oi Dade, belas imagens poéticas num texto impecável. Bjs.

Carol Timm disse...

Dade,

É lindo e triste o teu poema. Fiquei pensando nas fotos amareladas...

Vou sentir sua falta nesta quarta.

Mas te desejo uma ótima viagem.

Beijos,
Carol