Seria uma cidade igual às outras,
diamante bruto ao fundo da montanha-mina,
não fosse pelo bailado dos profetas no adro
os movimentos leves de pedra-sabão
as dobras panejadas de seus mantos
e as faces impenetráveis
angulosas.
angulosas.
Esses profetas
cobrem a terra de harmonia lúdica
em cantos inaudíveis.
Tornam em ouro o pó
e o azul do céu em prata clara.
Decidem os destinos da cidade
secretamente
no espaço-tempo dos fatos.
E ao lado da aparente sisudez
praticam um misticismo fetichista,
ritualista e irreverente
que à noite anima os personagens pios
dos passos da via-sacra
para os fazer pecar.
São sábios a seu modo,
unânimes como os sete anões de Branca de Neve
e, íntimos do Pai,
riem dos homens e dos anjos,
enquanto lançam sobre os visitantes
o olhar vazio das estátuas.
10 comentários:
Formidável essa vida secreta dos profetas. Só a poesia pode animar as estátuas e verter imagens de seus olhos rígidos.
Beijo.
bela interpretação da procissão de profetas do Aleijadinho.Já tiva a sorte de estar em Congonhas -nos idos de 1996.Um abraço
E quanta poesia há nessas imagens de pedra!
bjs
cantico perfeito,
beijo
Que bonito, Dade! É sentir a cidade (e suas estátuas) pelo poema. Um beijo. Jefferson.
Teu poema me levou, Dade, até este canto de Minas onde tudo é história e natureza. Amo as cidades históricas. Sempre que posso, volto correndo. beijos.
Comunhão - O Homem, sua Arte e a cidade. Poesia e criação dão vida às esculturas.
beijos, Dade.
[admirável como a palavra conserva e restaura com mais cuidado os nossos patrimónios, que muitos projectos rabiscos de cimento ou betão]
um imenso abraço, Amiga Dade
Leonardo B.
Vc dá vida a tudo que escreve, imagino essas estátuas à noite nos observando.
Beijo!
Lindo, Dade!
Uma perfeita análise dessa cidade que uma vez conhecendo não se esquece.
O místico e o belo como se viessem do Pai, marcam muito!
Beijos
Mirze
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