Na casa
o frio que vem de dentro é o mais frio.
À sombra
um rio urbano
música sem melodia
compassos irrepartidos
traz do fundo da corrente
uma semente bruta de passado.
Do rio sobe uma canção vazia.
Algum momento incauto
quase alegria
molhado de pensamentos
voa desajeitado
e vai se juntar ao lixo
onde comem as garças.
14 comentários:
↓
Vim ver Dade e gostei do que li!
be:)os!
Que beleza de poema, Dade, que beleza de poema!
Tudo de bom,
Samuel Pimenta.
Simplesmente maravilhoso, amiga Dade!
Senti até a umidade deste teu rio...
Encantei-me!
Grande abraço e beijinhos.
Creio que se as construções urbanas falassem, que se cada exausta calçada pisada do dia-a-dia pudesse se expressar, seriam através de vc - e não é o que fazem? =)
Beijo.
Compassada melancolia. Não é curioso que as garças aparentemente tão distintas sejam tão afeitas ao lixo? É o que lhes resta ou é a sua própria natureza?
Abraço, Dade.
belo jogo de contradições: garça/graça
beijo
É sim, Dade!
Não há frio maior do que o que vem de dentro!
Todo o poema, é lindo, mas essa parte me marcou!
Beijos
Mirze
De uma beleza delicada, Dade, quase etérea.
Beijo.
Forte, denso, gostei imensamente.
Oi Dade,
a sua escrita poética é sempre bem cuidada e bonita. Gostei muito ! Bj.
Então, será a poesia a elegância da garça ao comer o lixo ?
Abraço,
JR.
Lindo, Dade.
"Canção vazia" é puro espaço. de todo silêncio e som.
Você que escuta os dizeres não ditos da cidade.
calhou bem para essas últimas paisagens urbanas do meu cotidiano, mais gris, mais silenciosas, com seus chuviscos promissores e a cantarola da ventania.
Dade,
Esse poema é como o vinho, vai se tornando a cada dia mais prazeroso.
Beijos,
Carol
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