e o corpo imóvel retém
os medos que resistem
e uma tristeza inteiriça
da idade do mundo.
O sono é uma cisterna
medida em asas e ecos.
À tona do espelho escuro
a ave indormida
e nada do que se faça
afasta
a dor da vida.
Floating poet. Sem menção de autor.
O sono pesca histórias
pela noite singrada de silêncios.
Toda memória
manto sem costura
vive de imagens e asas
bordadas de migalhas.
Não sabemos ainda
da véspera
do vento
das aves
e enquanto assistimos ao filme da tv
a solidão dos espelhos
desfia os sonhos.
8 comentários:
Gosto muito, amiga.
DADE!
Que maravilhosa insônia que gerou este poema!
A descrição do sono é perfeita!
Magnífico!
Beijos
Mirze
... e tantas insónias eu tenho!
Pena que meu sono não seja medido em asas e ecos de poemas feitos.
Bjos
MariaIvone
Creio que não haverá quem não veja ao menos parte da própria insônia traduzida nesse poema. Tem algo de olhos saturados e um ritmo lúcido, mas cansado. Talvez sejam as minhas próprias insônias que nele encontram ecos...
Beijo.
eu tava lendo um poema de Bandeira que falava sobre quarto, e aí veio essa tua poesia de tanto florir, pois quando o sono se afasta há o espaço de nascimentos,
beijo
Na solidão de nossos quartos, com nossos fantasmas, às vezes esquecemos do mundo acontecendo lá fora.
Excelente, Dade!
Beijo.
A insônia é implacável conosco, Dade.Já sofrí muito com ela.Hoje não, foi-se embora.
Como quem não quer nada,ele vai expondo emoções e mexendo com a sensibilidade.
Beijão, querida
"O sono é uma cisterna
medida em asas e ecos." Adorei isso. Quase não durmo de sexta pra sábado. Insondável cisterna!
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